A idade média dos brasileiros a cada levantamento vem subindo, onde as famílias possuem cada vez menos crianças e nossos adultos tem alcançado mais longevidade, segundo o IBGE o envelhecimento da população brasileira acelerou e entre 2012 e 2016, o grupo de idosos (pessoas com 60 anos ou mais) cresceu 16%, enquanto o de crianças (entre 0 a 13 anos) diminuiu 6,7%.
Ainda, nossos idosos tem uma melhor qualidade de vida devido ao desenvolvimento da medicina, e querem manter sua independência, onde muitos preferem continuar morando sozinhos ou com seus cônjuges.
Infelizmente com a idade, tombos e acidentes são mais comuns, e cabe aos projetistas nos novos projetos planejarem soluções para melhorar a acessibilidade a nova realidade, e nos caso dos condomínios existentes, cabe ao síndico, planejar e implementar ações que melhorem a condição de vida a seus ocupantes, sejam eles moradores ou visitantes.
Mobilidade reduzida com o envelhecimento
Conforme vamos ficando mais idosos, nossa mobilidade diminui devido ao enfraquecimento da musculatura, gerando maior dificuldade em subir degraus, menos fôlego para escadas, andar mais vagaroso entre outros sintomas.
Deste modo, os acessos aos condomínios devem prever alternativas de trajetos em rampas com inclinação adequada, com paradas intermediárias e eventualmente um banco nos trajetos mais longos, de preferência coberto ou protegido do tempo.
Diferente do que muitos pensam as ações de acessibilidade não são somente para cadeirante e sim para todas as pessoas que com envelhecimento, dependem de melhoria nas edificações e diminuição de risco a sua saúde e aumento de segurança.
Largura das passagens
Em alguns casos, se faz necessária a ajuda de alguém ao lado para direcionar e apoiar, devido ao enfraquecimento dos músculos, também não é incomum o uso de bengalas, andadores ou mesmo cadeiras de rodas, as vezes com o acompanhamento de cuidadores.
A Bolsa começa a ficar mais pesada, e às vezes maior, pois há elementos adicionais a carregar, neste caso, os caminhos e passagens devem ser mais largos para permitir a passagem de mais de uma pessoa ao mesmo tempo, não devendo possuir degraus, desníveis, vãos abertos ou rodapés, para não impactar em uma roda, bengala ou bastão em seu direcionamento.
Sinalização adequada
A visão também começa a ficar prejudicada, em muitos casos havendo a necessidade de uso de óculos, necessidade de mais luz para enxergar as coisas claramente. Somado a um equilíbrio mais instável, pedem áreas e caminhos com boa iluminação, sinalização adequada e um revestimento de piso sem saliências ou desníveis, e que não seja escorregadio, principalmente quando molhado.
Áreas comuns e áreas privativas
Para os sanitários e vestiários das áreas comuns, é necessário considerar áreas distintas se possível, para a utilização das diferentes faixas etárias, já que tanto as crianças quando os idosos passarão grande parte do dia dentro do condomínio, isto vai muito além do que a legislação já exige, e cabe aos responsáveis prover soluções a todos estes pontos.
Também é importante pensar na instalação de barras de segurança e de apoio próximo aos vasos sanitários e boxes com chuveiros de vestiários, torneiras e maçanetas de abertura fácil, áreas de transferência nas piscinas, itens estes que podem ser de baixo custo, mas permitem uma independência muito mais segura às pessoas em seu envelhecimento.
Nas áreas de sanitários, também são necessárias adequações de modo a atender o desenho universal, e diminuir riscos de quedas e danos no dia a dia, sendo obrigatório para as áreas comuns e recomendado para as privativas.
Veja em nosso outro artigo as ações necessárias para adequação a edificações existentes.
Desempenho e Acessibilidade
A Norma de Desempenho ABNT NBR 15.575, e principalmente a Norma de Acessibilidade, ABNT NBR 9050, associada a outras normas existentes do setor, trazem em seus textos várias necessidades de adequação para que o edifício seja um ambiente mais inclusivo, mais adequado e mais seguro para seus moradores de qualquer idade.
As adequações não devem ser paliativas ou em alguns pontos, sendo recomendado a contratação de um profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto) com especialização no assunto para prover soluções definitivas, que garantam a saúde dos ocupantes dos condomínios de todas as idades.
Para você morador, proprietário ou investidor, que possua pouca idade, e mobilidade perfeita, compete apoiar as ações necessárias em seu empreendimento, contribuir nos investimentos necessários para adequações, mesmo que as mesmas estejam a frente de seu interesse imediato de melhoria de ações que você poderia aproveitar neste momento, pois com certeza ao envelhecer você ira agradecer este movimento tão necessário de ajustes e pensamento no próximo.
Não pense em prover soluções somente para atender normas ou leis, as mesmas tem a função de balizar o mínimo necessário para uma edificação, e devem ser entendidas como o mínimo que deve ser provido, mas temos a certeza que todos nos ou nossos parentes serão se beneficiar as ações, além da valorização do patrimônio, o qual será reconhecido como um ambiente seguro para morar e estruturar uma vida.