DESVIO DE DINHEIRO EM CONDOMÍNIO, AÇÕES E PRECAUÇÕES

desvio

Segundo estudo do FMI realizado em 2016, a corrupção custa quase R$ 7 trilhões por ano à economia mundial, para título de comparação, o PIB do Brasil em 2016 foi de R$ 6,266 trilhões, ou seja, a cada ano é perdido um Brasil em desvio de dinheiro.

Conforme estudo, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a cada ano o Brasil perde R$ 100 bilhões com a corrupção.

Sentimos na pele diariamente os efeitos prejudiciais destes desvios de dinheiro em serviços públicos não funcionam; aumento da pobreza; aumento do desemprego; aumento de impostos, etc.

Corrupção no Condomínio

E que dizer dos desvios de dinheiro em condomínios? Infelizmente, não foge à regra, pois não é incomum nos depararmos com práticas desprezíveis na gestão de alguns condomínios, o qual já esclarecemos não isto não é a regra e sim a exceção, mas seguem alguns exemplos reais, para ciência do modo operante mais comum:

  • Num condomínio o Síndico decidiu trocar as câmeras de segurança, sendo o valor do orçamento real de R$ 2.900,00, mas o gestor pediu para o prestador do serviço fazer um orçamento de R$ 6.200,00, para reembolsar a diferença;
  • Em certo condomínio, a Síndica contratou os serviços da empresa do marido para fazer diversas manutenções desnecessárias e outras que ficaram inacabadas, neste caso a mesma foi destituída;
  • Em outro caso o Síndico cobrou durante 3 anos uma taxa extra para reforma da fachada que nunca foi feita. Mensalmente o mesmo apresentava extratos falsos para os moradores, em conluio com a Administradora. Tanto o Síndico como o dono da Administradora sumiram. Como disse certa moradora “Minha casa, minha dívida”;
  • Em certo condomínio, o Síndico usava o cartão de débito do condomínio para gastar em restaurantes, postos de gasolina, lojas de roupas e calçados, fazer saques para gastos pessoais, ou seja, o cartão do condomínio virou um cartão corporativo do Síndico. Resultado, prejuízo de R$ 700 mil para os moradores;
  • Prestadores de serviços que oferecem uma “comissão” para o síndico.

E quais são os efeitos do desvio  de dinheiro no condomínio? taxa de condomínio alta; rateios constantes; falta de fundos para manutenções e reformas necessárias; deterioração do patrimônio; impostos não recolhidos, etc. E a conta fica para quem? Para os moradores, “Minha Casa, Minha Dívida”.

Como identificar desvio de dinheiro no Condomínio

Uma das principais causas para a corrupção em condomínios é a Governança fraca. Em outras palavras, síndico pouco transparente; Conselho pouco participativo e omisso; moradores mais preocupados com o “barulho do vizinho” do que com a prestação de contas do Síndico; administradoras mais preocupadas, somente, em registrar as operações, este cenário é favorável para a proliferação do parasita da corrupção.

Seguem alguns modos operantes, que podem sinalizar ações deste tipo, onde recomendamos atenção aos detalhes e prestação de contas:

  • Obras “emergenciais” de difícil comprovação em alta quantidade, sem apresentação de orçamentos ou aprovação em assembleia. Daí mais um ponto forte do plano de manutenção, combater ações deste tipo.
  • Baixa de valor de inadimplente sem a identificação da entrada do dinheiro na conta do condomínio;
  • Insistência do gestor na troca de prestadores de serviços sem justificativa clara ou por preferência por outro de “sua confiança”;
  • Utilização do fundo de reserva sem justificativa;
  • Contratação de prestadores de serviços que possuem parentesco com o corpo diretivo;
  • Serviços contratados com valores muito acima do mercado;
  • Pagamentos de serviços ou compra de produtos estranhos à operação do Condomínio.

 

E outros…

Uma das formas mais difíceis de identificar a corrupção é quando há o conluio, ou seja, a combinação entre as partes, por isso, o processo de escolha de prestadores de serviços precisa ser bem criterioso e transparente.

Uma ajuda importante no combate ao desvio de verba no condomínio

Um personagem que pode ajudar no fortalecimento da Governança de Condomínios e, assim, contribuir para uma gestão mais transparente é o Auditor Independente (Contador com registro no Conselho Regional de Contabilidade-CRC).

A Auditoria não é sinônimo de desconfiança, ou não deveria ser. Ela pode ser uma ferramenta importante, mas não a única, para ajudar no combate à corrupção. O problema é que em muitos casos, a Auditoria só é contratada quando há fortes evidências de atos lesivos do Síndico contra o condomínio. A contratação deveria ocorrer já na implantação do Condomínio com a obrigação na Convenção. Eu acredito que isso já traria impactos significativos na gestão do Síndico quanto a preocupação em agir de forma correta e transparente. Há necessidade de se criar a cultura da prevenção através da Auditoria Preventiva Mensal.

Conclusão

Não podemos fechar os olhos para o mal da corrupção que atinge o mundo inteiro, e o seu condomínio não está imune. Para evitar surpresas é importante o síndico agir com transparência, o Conselho ser atuante e os moradores participarem de forma produtiva (Assembleias não são reuniões de desabafo ou de terapia em grupo). E a participação de um Auditor Independente contribui para o fortalecimento dessa Governança.

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Sobre Marcos Braga 7 Artigos
Auditor Independente. Proprietário da MB7 Auditoria e Gestão, empresa especializada em Auditoria de Condomínios e Associações. Contador formado pela Universidade Mackenzie com CRC ativo desde 1999; Membro do IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil; MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas. Certificado pela Legal Ethics Compliance. Nos últimos 7 anos, antes de fundar a MB7, trabalhou na Diretoria de Risco e Compliance à frente da Unidade de Aderência Regulatória do Itaú Unibanco. E-Mail: gestao@mb7condominios.com